Meu Deus, que antigo amor! Apreciando o grande amor de Deus.
Conhecemos a Deus à medida que ele mesmo se revelou
a nós. A Escritura Sagrada é a revelação especial do Senhor, e as obras da
criação sua revelação geral. É na revelação especial que conhecemos mais propriamente
o Deus Salvador. A Palavra revela Deus a partir dos seus atributos (qualidades,
virtudes). A essência de Deus é caracterizada pelos atributos divinos que lhe
são destacados. Atributos como infinidade, imutabilidade, eternidade, atributos
morais, intelectuais e de soberania, estes e outros, revelam a essência de
Deus. Hoje vamos pensar em um atributo distintivo do Senhor, seu terno amor
pelo seu povo.
O propósito desta série é apresentar pontos
fundamentais de quem é Deus e da doutrina bíblica conectados à vida prática,
demonstrar como a teologia influencia (e deve influenciar!) o dia-a-dia e,
implicar questões bíblicas fundamentais que norteiam a vida dos crentes. Espero
que estes posts te levem mais próximo à Bíblia, de Deus, e de uma vida marcada
pelo conhecimento dele, com gratidão, humildade e adoração ao Senhor.
Trataremos hoje do amor de Deus. A teologia ensina,
à luz das Escrituras, que amor é um modo de Deus demonstrar sua bondade. Deus é
sempre e perfeitamente bom! Ele não apenas demonstra bondade, mas, é bom! A
bondade faz parte de sua essência, demonstrada pela sua paciência, graça,
misericórdia e amor. O amor de Deus é o que o leva a redimir o seu povo
escolhido. Deixe-me explicar.
O pecado dos nossos primeiros pais trouxe a
corrupção e condenação sobre toda a humanidade. O que todos merecem, desta
maneira, é a reprovação de Deus, separação da comunhão com ele, e,
consequentemente, morte (física, espiritual e eterna). Mas, Deus “tanto
amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3:16 NVI) Este amor
pleno e incondicional por alguns indivíduos o leva a derramar sua salvação a
estes. Ele os salva desta condenação, restaura a comunhão consigo, e promete a
vida, vida plena, agora e eternamente. Todas estas dádivas são mediante o
sacrifício do filho único de Deus, que se entregou por amor a
estes eleitos do seu Pai. Veja o que diz Romanos 5:8 (NVI): “Mas
Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda
éramos pecadores.” E, Gálatas 2:20 (NVI): “Fui
crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.
A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e
se entregou por mim.”
Este amor é especial, sacrificial, é um amor
que se dá pela salvação dos seus filhos eleitos. Deus faz algo
por eles, por amor. Não havia e nem há nada de bom nestes escolhidos que
movesse o coração de Deus. O amor divino é incondicional, não movido por razões
humanas, direcionado a objetos indignos. “Mas quando se manifestaram a
bondade e o amor pelos homens da parte de Deus, nosso Salvador, não por causa
de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, ele nos
salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre
nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador.” (Tt
3:4-6 NVI). Este amor é eterno, jamais terá fim. (Jr 31:3). É
um amor grande, imenso. “Todavia, Deus, que é rico em misericórdia,
pelo grande amor com que nos amou.” (Ef 2:4 NVI). “Vejam
como é grande o amor que o Pai nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de
Deus, o que de fato somos!” (1Jo 3:1a NVI).
Há muitas implicações do amor de Deus ao povo
crente. Trago três à nossa reflexão. Vejamos:
a) Deus amou ímpios. “De fato, no devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo
morreu pelos ímpios. Dificilmente haverá alguém que morra por um justo; pelo
homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer. Mas Deus demonstra seu amor
por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores. Como agora
fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de
Deus por meio dele!” (Rm 5:6-9 NVI). A Escritura
demonstra, como afirmamos acima, que os eleitos de Deus são o objeto indigno do
amor divino. Nunca a Bíblia apresenta o povo de Deus como merecedor. Deus amou
pecadores, ímpios, inimigos e opositores. Esta verdade deve nos levar à
humildade, ao reconhecimento que não somos dignos do amor de Deus. Ele nos amou
porque ele quis! Jamais estaremos na posição de merecedores, requerendo algo de
Deus. Humildade é a característica que melhor define os filhos amados de Deus.
Aliás, quanto mais conhecemos a Deus e a sua Palavra, mais envergonhados de nós
mesmos, e do nosso pecado, devemos ficar.
b) Deus jamais deixará de amar. “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou
angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está
escrito: ‘Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados
como ovelhas destinadas ao matadouro’. Mas, em todas estas coisas somos mais
que vencedores, por meio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem
morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem
quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na
criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor.” (Rm 8:35-39 NVI). Neste texto lindo, o
apóstolo Paulo declara que não há nada neste mundo físico e nem no mundo
espiritual capaz de nos separar do amor de Deus. Nem nós mesmos. Deus ama o seu
povo e o amará por toda a eternidade. Isto nos traz segurança, paz e esperança.
Apesar dos nossos pecados, Deus sempre nos amará. Até a disciplina (pelos
nossos pecados) é expressão do seu amor. (Hb 12:4-7). O amor de Deus é
constante, confiável e abençoador. Deus nunca deixará de nos amar. “O
próprio Senhor irá à sua frente e estará com você; ele nunca o deixará, nunca o
abandonará. Não tenha medo! Não se desanime!” (Dt 31:8 NVI).
c) Amar é mandamento. “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus.
Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a
Deus, porque Deus é amor.” (1Jo 4:7-8 NVI). Somos
desafiados a amar o próximo como Deus nos amou. Nas Escrituras, amar é mandamento: “Respondeu
Jesus: ‘O mais importante é este: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus, o
Senhor é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de
toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’. O
segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento
maior do que estes’.” (Mc 12:29-31 NVI). Não apenas somos
os receptores do amor incondicional de Deus, como também, somos emissores deste
amor. Amar o próximo é o que marca o coração daquele que foi transformado pelo
amor divino. Portanto, amemos sem interesse, ou sob certas condições. O amor
que vem de Deus é recebido de graça e doado igualmente de graça. Repito: a
marca do povo de Deus é o amor, a Deus e ao próximo.
Neste post tratamos sobre uma das facetas da
bondade de Deus, o seu amor. Vimos que este amor é eterno e
perfeito. Ele ama objetos indignos. Este amor o leva a redimir o seu povo
escolhido. E mais, toda a providência de Deus é movida pela bondade e amor de
Deus. Assim, há muitas implicações deste amor. Que a nossa fé, o nosso viver,
sejam impactados, moldados e motivados pelo grande amor de Deus. Encontramos no
Hinário Novo Cântico (nº 88) um hino lindíssimo que exalta a
Deus por este antigo amor. Que este hino te conduza, pelo Espírito de Deus, à
gratidão e exaltação a ele mesmo.
Amor perene
Amavas-me, Senhor, ainda cintilante
Não irrompera a luz ao mando Criador!
E nem o ardente sol, rompendo no levante,
Trouxera à terra e ao mar a força fecundante.
Meu Deus, que amor!
Meu Deus, que eterno amor!
Amavas-me, Senhor, também quando, imolado,
Por mim sofreu na cruz o meigo Salvador,
O Santo de Israel, o teu Cordeiro amado,
Levando sobre si a culpa do pecado.
Meu Deus, que amor!
Meu Deus, que antigo amor!
Amavas-me, Senhor, quando atingiu meu peito
O Espírito de luz, o meu Consolador.
E com tesouros mil, de teu favor perfeito,
Trouxe à minha alma a fé em que hoje me deleito.|
Meu Deus, que amor!
Meu Deus, que antigo amor!
E sempre me amarás, porque jamais inferno
Ou mundo poderão ao teu querer se opor,
Ao teu decreto, ó Deus, ao teu decreto eterno,
Ao teu amor, ó Pai, ao teu amor superno.
Meu Deus, que amor!
És sempre e todo amor! Amém.
Rev. Marlon de Oliveira
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