Série: Alicerces da Verdadeira Fé (Parte 2)

Alicerces da verdadeira fé

SOLA SCRIPTURA: 

Submetendo nosso coração à autoridade e suficiência das Escrituras Sagradas


Alguns dos princípios basilares da Reforma Protestante deflagrada no séc. XVI foram: Sola Scriptura (Somente a Escritura); Solus Christus (Somente Cristo); Sola Gratia (Somente a Graça); Sola Fide (Somente a Fé); Sacerdócio Universal dos Crentes; e, Sola Dei Gloria (Somente a Deus toda Glória). Nesta série vamos abordar cada um dos “solas” da Reforma, aplicando estes alicerces da verdadeira fé à nossa vida cristã. 

O primeiro princípio que vamos considerar é Sola Scriptura (Somente a Escritura), meditando sobre a submissão necessária do nosso coração à autoridade e suficiência da Palavra de Deus. O grande reformador Martinho Lutero, monge agostiniano, compreendeu que somente a Escritura é suficientemente poderosa para salvar o homem. Não os seus próprios méritos. A salvação se dá apenas e tão somente nas Escrituras e pelas Escrituras! A Reforma defendeu que a Bíblia Sagrada é uma revelação viva e pessoal de Deus, acessível a todos. Aqui está o porquê que na Reforma a Escritura foi disposta com urgência para o povo mais simples, numa linguagem acessível. Os reformadores defenderam com firmeza a autoridade das Escrituras em detrimento às tradições eclesiásticas da Igreja Romana. A resposta reformada ao desvio teológico da Igreja de Roma com relação à Bíblia foi o ensino da autoridade suprema, absoluta e exclusiva das Escrituras Sagradas, que é a única regra de fé e prática cristã. 


O Sola Scriptura aponta para dois conceitos centrais relacionados à natureza e objetivo das Escrituras: sua autoridade e suficiência. A doutrina da autoridade das Escrituras significa que por elas serem o que são – revelação especial de Deus, inspiradas pelo Espírito, inerrantes, infalíveis, verídicas, fidedignas em todas as suas afirmativas, não possuindo qualquer erro doutrinário ou histórico – elas tem absoluta autoridade quanto aos assuntos propostos por ela na vida de todo indivíduo. A Bíblia é a palavra final de Deus! É a regra (norma normativa) de fé – o que eu devo crer; e também a regra de prática – como eu devo agir. Ela é a fonte infalível, definitiva de qualquer assunto nela tratado. A sua autoridade repousa essencialmente na autoridade do Senhor Jesus Cristo, o “Autor e preservador de Sua Palavra”. (Jo 16:13-14; 1Co 2:10-12; 1Tm 3:15; 1Jo 2:20,27) 

Devemos reconhecer a divina autoridade das Escrituras. A Igreja Cristã não concede ou confere autoridade às Escrituras, apenas a reconhece. Não é a Escritura que está edificada na Igreja, ao contrário, é a Igreja de Cristo que está edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e profetas” (Ef 2:20). À Igreja, também, cabe aceitar com fé, acatar com obediência e amor às Escrituras: 2Co 4:3,4,6. Os cristãos devem crer nela e pregá-la com fidelidade à revelação divina: Mc 16:15; Jo 5:39; 10:35; 12:47-48; 17:17; 2Co 6:7; Gl 1:11-12; Cl 1:5; 1Ts 2:13; 2Tm 2:15; 3:16; Tg 1:18. Se consideramos Cristo como Senhor, também devemos considerar como soberana e digna de aceitação e obediência toda a Sua palavra. Acatar, crer e obedecer às Escrituras como palavra autoritativa de Deus é estritamente fundamental para o relacionamento sadio da Igreja com o seu Senhor. 

E quanto à suficiência das Escrituras, queremos dizer que, segundo os reformadores, não há salvação fora delas. A redenção se dá somente pela Palavra: Rm 10:13-17. A Bíblia é suficiente para salvar. Daí se deriva a importância da doutrina da autoridade (suficiência e clareza) das Escrituras. Esta autoridade emana dela mesma, não dependendo das tradições, da razão humana, das emoções e muita menos da fidelidade espiritual do pregador. Antes, a Palavra de Deus é autoritativa e infalível porque é inspirada por Deus, Aquele que não mente, não muda e não falha: 2Tm 3:16-17; Tt 1:2; Tg 1:17. A autoridade das Escrituras está baseada na sua origem divina. A chave e o centro das Escrituras é Cristo Jesus (ênfase especial dos reformadores). Ratificamos que a revelação geral é insuficiente, por causa do pecado, em transmitir a mensagem de salvação. A revelação geral não traz em si os conteúdos revelatórios acerca do pecado, fé, salvação, Cristo, etc., Portanto, a Deus aprouve revelar a salvação aos seus escolhidos de um modo especial, a partir de Cristo Jesus. A Sua mensagem de redenção foi através de palavras destinada a homens escolhidos e inspirados pelo Espírito Santo. Estes registraram toda esta revelação especial. Por isso, a revelação escriturística é suprema! A Bíblia e somente ela pode lançar luz sobre o coração em trevas. Deus salva apenas mediante a sua Palavra! Daqui se apreende a importância da Igreja de pregar o Evangelho.  

Reiteramos que o Espírito Santo é o autor último por excelência das Escrituras, o grande inspirador dos escritores e autores bíblicos. O Espírito não fala fora da Escritura ou independente dela. Antes, o Espírito age sempre a partir da Palavra de Deus. Os reformadores também enfatizaram o "princípio do livre exame", isto é, a Escritura é clara em sua mensagem essencial de evangelização e redenção. Este princípio não significa interpretar os textos bíblicos de modo exclusivista e subjetivo. Cada texto deve ser interpretado à luz do seu próprio contexto, seguindo as regras básicas de hermenêutica reformada, tendo Cristo como a chave para tal interpretação. Os textos mais obscuros e difíceis são esclarecidos pelos textos mais fáceis e claros. A Bíblia interpreta a própria Bíblia. (Sl 19:7-11; Sl 119; Jo 5:39; Rm 15:4; 2Tm 3:16-17) 
  
Assim, o que aprendemos com a Reforma Protestante é que precisamos, diária e constantemente, retornar às Escrituras, à Palavra de Deus, considerando-a como autoritativa sobre o nosso coração. O que devemos pensar, crer, falar, desejar, realizar está prescrito como regra de fé e prática na Bíblia Sagrada. Cristo é o Senhor! A Sua Palavra deve reinar sobre nós! E ela é toda suficiente para a Sua Igreja. Mais do que psicólogos, ou quaisquer outros métodos e paliativos mundanos e passageiros, a Escritura nos preenche, nos completa e nos aproxima de Deus. Os preceitos de Deus nos transformar e nos santificam. Ela fornece tudo o que necessitamos de Deus. Valorizemos, desta maneira, a Bíblia Sagrada. Que o nosso coração se submeta a cada instante à autoridade e suficiência da Palavra de Deus! 

Leia a primeira parte aqui: Clique aqui
Setembro, 2017. 
Rev. Marlon de Oliveira
Verdadeira fé


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